O nome Makoto Shinkai me era completamente estranho até hoje, mas cá estou, ainda entre lágrimas, ansioso para consumir toda a sua filmografia o quanto antes. Se as suas outras obras tiverem metade da sensibilidade, personagens cativantes e apuro técnico demonstrados em Kimi no na wa, creio que posso estar diante de um dos meus autores favoritos.
Mas vamos voltar um pouco no tempo e colocar um pouco de contexto nessa narrativa. Três anos atrás, eu era praticamente outra pessoa. Ainda não estudava japonês, ignorava quase que completamente a rica história do país, jamais tinha lido um mangá ou mesmo visto um filme do studio Ghibli. Na minha (notoriamente limitada) visão da época, apenas os grandes filmes de Hollywood mereciam atenção, assim como animações eram uma tarefa apenas para a Disney e Pixar.
Ao relembrar isso, fica difícil me colocar no lugar daquele Thomas, que provavelmente riria por horas a fio se me visse escrevendo “私はアニメ好きです”. Para o bem ou para o mal, todos mudamos com o passar do tempo e acabamos virando outras pessoas. Nos distanciamos de valores e interesses, conhecemos novas pessoas e gostos, e assim o mundo segue girando.
O que eu descobri nesse meio tempo, para minha imensa surpresa, é que poucos são capazes de capturar tão bem os trejeitos e idiossincrasias das pessoas quanto os japoneses, especialmente eu seus animes. Caramba, acho que já no trailer do filme, que está aqui embaixo, dá pra ver como um desenho pode criar seres humanos mais críveis que os dos grandes filmes no mercado!
https://www.youtube.com/watch?v=RubGKcTqDi0
Histórias sobre trocas de corpos e se colocar no lugar dos outros para então descobrir mais sobre si mesmo não são exatamente uma grande novidade e, mesmo já amando o Japão com todas as minhas forças, comecei a ver Kimi no na wa com a equivocada ideia de que seria apenas uma comédia meio bobinha, até parecida com aquele filme nacional Se Eu Fosse Você.
Ainda que seja possível dar várias risadas com suas piadas e situações, o que eu recebi, no entanto, foi um drama absurdamente denso, com direito até a umas pitadinhas bem leves de ficção científica, regado a uma dose saudável de xintoísmo, tudo a fim de contar uma história sobre o amor.
E sobre distância.
Pelo que eu pude entender, toda a carreira de Makoto é bem focada nesse tema, e parece que eu terei um prato cheio quando assistir essa belezinha aqui embaixo. Se você já viu e quiser confirmar isso nos comentários aqui embaixo, ou indicar mais filmes/animes de proposta similar, eu até agradeço a interação!
Já em Kimi no na wa fica evidente o quanto o autor está em casa ao tratar sobre os laços invisíveis que unem a todos nós, e eu só posso sonhar em, um dia, escrever com a mesma delicadeza que ele demonstrou em sua emocionante narrativa. Eu estou me segurando para não dar spoilers, pois acredito que todo mundo deve ver esse filme sabendo o mínimo possível. Aliás, se for possível, vá ao cinema prestigiar essa belezinha, pois seu traço é tão lindo que certamente ficará ainda melhor na telona!
Até lá, tudo que eu posso fazer é deixar a minha recomendação mais alta possível. Seja você leigo ou viciado em animes, tudo que é preciso para que o filme o cative é estar interessado em uma bela história. Ao menos eu tenho certeza de que, para onde quer que eu vá, e seja lá qual for a pessoa que eu serei daqui a outros três anos, vou sempre levar um pedacinho da história de Mitsuha e Taki em meu coração.