Domingo pela manhã, você acorda um pouco mais disposto do que foi dormir depois de uma jogatina daquelas e decide mexer na parte de cima do seu armário. Sai álbum de fotografias, sai gibi da Turma da Mônica, caem umas figurinhas do álbum do Pokémon e… epa! O meu Nintendo 8 bits! (Muita) Poeira daqui e dali, mas nada que um pano úmido não resolva e a faxina está oficialmente adiada, pois estou decidido a reviver momentos de aventura, desafio, nostalgia e uma pitada sutil de desespero. Os cabos estão todos em ordem, os cartuchos ainda parecem servir e veio aquele estalo antes mesmo de ligar o velho guerreiro: nessa semana que se passou foi o aniversário de 31 anos do Famicon (15/7) e aquela jogatina que a princípio parecia despretensiosa, acabou por se tornar este texto. Pensando que seria muito amplo falar de todos os jogos lançados, pensei em restringir a lista aos jogos de plataforma, tão marcantes na infância de quem beira os trinta, como eu. Sem mais delongas, vamos ao nosso Top 5 ½ da semana!
Obs: Para deixar a lista mais enxuta, decidi incluir apenas um título de cada franquia, ok?
5. DuckTales (Capcom – 1989)
Vamos começar colocando as coisas em pratos limpos, ok? Se você curtiu Shovel Knight, saiba que muito do que se vê por lá teve origem aqui e isso por si só já deveria valer a jogada, certo? Mesmo assim, para refrescar a memória, os DuckTales são os caçadores de aventura e todos eles são grandes figuras. Tio patinhas, seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho, além do atrapalhado Capitão Boeing aventuram-se em um clássico que ajudou a moldar o gênero de jogos de plataforma e foi tão influente na história dos games a ponto de ganhar um remake em HD em 2013 para os principais consoles de mesa disponíveis até então (PS3, X360 e Wii U).
Capcom, década de 80, você pensa no Mega Man e logo lembra do Keiji Inafune, certo? Pois saiba que ele produziu esta pérola aqui também, lançada em 1989 para o NES e em 1990 para o GameBoy, tornando-se um sucesso de peso na época. Com certeza deve ter arrecadado uma boa grana para os cofres da empresa e isso tem tudo a ver com o pato mais rico do mundo, não é verdade?
A aventura aqui é objetiva e sem rodeios: você começa em um grande computador e escolhe seu destino, podendo ir para a Amazônia, Transilvânia, África, Himalaia ou a Lua. Começa a fase, bengaladas nos inimigos, pule sobre suas cabeças, colete pedras preciosas e siga sempre para a direita em direção ao fim do estágio. Quer pular mais alto? Use a bengala como um pula-pula e explore o máximo que puder para achar tesouros escondidos, enquanto ouve uma das trilhas sonoras mais empolgantes e divertidas que o velho 8 bits tem a oferecer. Deixar um game tão completo e divertido quanto esse em quinto lugar é um sacrifício dos grandes, mas fazer escolhas é parte da profissão, então confira o vídeo do gameplay abaixo e depois vá direto para o quarto colocado. Tempo é dinheiro!
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4. Castlevania (Konami – 1986)
Castlevania faz parte daquele seleto grupo: “ame-o ou deixe-o”. A série é respeitadíssima e tem pontos muito altos que a elevam a uma das franquias mais importantes da história, mas ao mesmo tempo tem pontos baixíssimos que a levaram a tentar se reinventar com Lords of Shadow, numa investida até que bem sucedida.
O jogo para Nes é de 1986 e narra a saga do clã Belmont para exterminar de uma vez por todas o persistente Conde Drácula, passando por inúmeras fases com todos os clichês que definiram o gênero plataforma. Castlevania, por si só, é sinônimo de desafio e isso é parte do que faz com que a franquia seja amada e/ou odiada pelos gamers em geral. Contudo, esse primeiro título parece carregar uma pitada a mais na dificuldade, seja pelo ineditismo ou porque jogar videogame naquela época era algo extremamente hardcore. É interessante ressaltar que tudo aquilo pelo qual a série é lembrada atualmente já estava presente em seus primórdios, uma vez que trilha sonora competente, variedade de inimigos e bons gráficos são facilmente percebidos em uma singela partida de Castlevania. Confira abaixo um longplay e morra de saudades do seu Nes:
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3. Little Nemo: The Dream Master (Capcom – 1990)
Essa é a posição que eu tive mais problemas para preencher. São muitas opções fora de série e a cada jogatina, um novo candidato surge. Hudson Adventure Island tinha tudo para estar aqui, assim como Kirby’s Adventure, que é lindo de morrer. Só que ambos são extremamente conhecidos, então decidi inovar e deixar que Little Nemo tenha sua oportunidade.
O jogo é inspirado nas tiras de quadrinhos de Winsor McCay, publicadas no começo do século XX em jornais nova-iorquinos e protagonizadas pelo pequeno Nemo. O conteúdo das histórias passava longe de ser infantil e o game segue a mesma linha, ainda que os gráficos coloridos e os inimigos bonitinhos digam o contrário, já que se exige do jogador bastante atenção e habilidade, como todos os bons jogos lançados para Nes. Obra prima da Capcom, recomendadíssimo!
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2. Mega Man 3 (Capcom – 1990)
Lindo e extremamente competente, Mega Man 3 segue as tradições da série e carrega consigo um elevadíssimo nível de dificuldade, aliado a uma fórmula extremamente vencedora. O desafio aqui é um pouco acima do normal, já que além dos 8 tradicionais robôs nós ainda nos deparamos com alguns inimigos que parecem ter herdado os poderes dos chefes de Mega Man 2.
Keiji Inafune, considerado o pai do Blue Bomber, afirmou que o jogo acabou sendo lançado incompleto e por esse motivo, Mega Man 3 seria um dos jogos que menos gosta na série. os fãs pensam o contrário, principalmente por conta dos elementos que passaram a fazer parte do rico folclore da série, como o emblemático Proto Man, o cão-robô Rush e o movimento de slide.
Mega Man 3 tem trilha sonora competente, cenários belíssimos e é parte obrigatória da jornada de qualquer gamer que se preze pelos 8 bits. Jogaço!
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1. Super Mario Bros. 3 (Nintendo – 1988)
Quando falamos em retro gaming, vem o sentimento de que a jogabilidade dura e os gráficos ruins fazem parte do pacote, mais ou menos como o sentimento de nostalgia de quem ainda coleciona e aprecia o som dos vinis. Só que alguém esqueceu de contar isso para Super Mario Bros. 3, que tem gráficos perfeitos, jogabilidade precisa e parece usar até a última gota do que o hardware 8 bits podia dar.
São 25 anos bem envelhecidos, pois jogar Super Mario Bros. 3 ainda é bastante prazeroso e atual, além de ser um dos pilares para os rumos da franquia, ou da Nintendo, ou mesmo dos games em geral. Não é exclusividade desta lista dar a medalha de ouro para o game, já que Shigeru Miyamoto foi extremamente feliz em todas as suas escolhas no título e sobra competência para todos os lados. Seus elementos mais marcantes seriam revividos em Super Mario World e perpetuados em todos os seus jogos mais relevantes, o que inclui até mesmo as últimas incursões do encanador no Nintendo Wii U. Mamma mia!
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1/2. Cheetahmen II (Active Enterprises – 199?)
A capa do manual oficial de “Como não fazer jogos de plataforma” deve ter Cheetahmen II estampado. Enquanto escrevia todo esse texto, fui ouvindo a trilha sonora de cada um dos games para dar uma refrescada na mente, exceto por esse último. Por quê? Porque é extremamente irritante, já que a única música que toca durante todo o game parece pausar a cada ataque dos nossos três protagonistas que se revezam a cada dois níveis. É só esse o problema? Não, não é!
Cheetahmen II é um jogo incompleto, recheado de mistérios e aclamado por retrô gamers de todo o mundo por ser o sucessor de um game da lendária coleção Action 52, que reuniu mais de 50 petardos dispensáveis ao custo de US$ 200. Apenas 6 dos 10 níveis planejados foram criados e o jogo nunca foi lançado oficialmente, até que 1500 cópias do jogo foram achadas e vendidas, valendo hoje um bom dinheiro.
As fases são pouco inspiradas e os gráficos são paupérrimos, com inimigos mal desenhados e de estilos gráficos diferentes entre eles mesmos, como se tirados de outros títulos sem nenhum critério. Quatro fases parecem idênticas e as duas últimas surgem de lugar nenhum. Tem valor por ser um pedaço da história, mas fica o aviso: passa muito longe de ser um pedaço decente.
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