Quando me perguntam qual é a maior diferença entre os jogos de hoje e os da década de 80, a primeira coisa que me vem a mente é a complexidade do enredo. Afinal, atributos técnicos como o gráfico e o som são evoluções óbvias que acompanham naturalmente os passos da tecnologia. Agora, se os jogos pendem ou não para algo mais próximo da realidade, aí já são outros quinhentos. Numa década em que Robocop e Rambo (violentos até os ossos) viravam brinquedo para crianças, quem se importaria de verdade com um jogo onde comer do lixo é algo normal e até recompensado?
Nas próximas semanas, toda segunda-feira nós vamos falar sobre os maiores clichês dos jogos antigos, começando pelos saudosos Beat’em Ups, gênero que perdeu muita força desde o surgimento dos jogos tridimensionais. Vamos lá?
1. Roteiro sempre muito criativo (só que não)
Todo Beat’em Up que se preza tem que ter um roteiro digno de uma lata de lixo. Quase sempre o esquema envolve uma gangue maligna que quer dominar uma cidade. Mas onde está a força policial dessa cidade? Bem, aí tem dois caminhos: ou você é parte dela, ou ela já desistiu de lutar e se deixou corromper pelas forças do mal. E de quebra, só você e seus outros dois ou três amigos são capazes de ir lá e resolver a parada. Não tem BOPE, não tem exército… Só você, meu chapa!
2. Personagens estereotipados
Quando você já se conscientizou de que o seu papel nessa trama é o de salvador da pátria, chega a parte de escolher quem vai ser o seu avatar no meio da porradaria. Você SEMPRE pode escolher entre:
O Bombadão: Ele é uma montanha de músculos, exalando testosterona por todos os poros e mais um pouco. Um murro bem dado é capaz de apagar boa parte dos inimigos, mas com um porém: ele sempre parece estar arrastando um trem de carga, tamanha a sua lentidão.
O Rápido e rasteiro: Duro de ser atingido, está quase sempre com a cara colada na parede invisível que fica do lado direito da tela. Mas basta uma faquinha arremessada de longe e pronto: lá se vai o ligeirinho pras cucuias! Ah! E seus golpes quase sempre são bem mais fracos que os dos outros personagens!
O Equilibrado: Bem… O nome já diz tudo, ele é equilibrado! Bate, mas não é o melhor; corre, mas também não é o melhor… Sabe um pato? Pois é! Nada, voa…
3. Inimigos estereotipados
Seu personagem segue um arquétipo manjado? Tudo bem, os inimigos também seguem a mesma fórmula! Geralmente tudo começa com um capanga qualquer, cheio de irmãos gêmeos espalhados pelo mundo. Alguns deles, inclusive, até tem o penteado de cor diferente ou algum adereço a mais. Com o passar das fases, o nível vai subindo: vem o cara que usa uma arma branca (faca, porrete, martelo, etc.); depois vem o inimigo rápido e sorrateiro, cujo padrão de ataque é o mais chato o possível; aí vem a galera dos explosivos e armas de fogo, até chegar ao ponto em que o primeiro chefe se torna um inimigo comum, trocando apenas de nome e cor da roupa! Moleza!
4. Lixo do bem
Se você estiver numa roubada muito grande e estiver perto de morrer, não perca as esperanças! É só descer a porrada em qualquer barril ou caixa de madeira que achar pelo caminho e partir pro abraço! Tem de tudo por lá: armas, jóias, dinheiro e até comida (um naco de carne com osso ou um belo pedaço de pizza)! Do lixo? Eca!
5. Uma jornada completamente sem sentido
Foram cinco ou seis fases exaustivas, você já saiu na porrada com meio mundo e nada de chegar no último chefão… até você decidir ir atrás dele na base do dito cujo, oras bolas! Mas aí vem aquela pergunta: se a base do cara era tão óbvia e luxuosa, por que diabos você não foi direto pra lá e teve que se estrepar todo na floresta, no esgoto, no prédio em chamas, na fábrica… Sim, porque SEMPRE tem uma fábrica! Vai entender, né?
½. As exceções
Elas existem e estão lá apenas para confirmar a regra! Em X-Men: The Arcade Game, por exemplo, é possível jogar com até seis personagens, em vez dos três ou quatro habituais. O gabinete do jogo é monstruoso!
Uma outra exceção é Battle Circuit, um dos últimos títulos do gênero lançado pela Capcom: uma menina em um avestruz rosa, uma planta carnívora com pernas, uma menina-esquilo e dois tipões nada convencionais! O prêmio originalidade já tem dono!
E no modo história, temos algum campeão? Sim! Teenage Mutant Ninja Turtles, tanto a versão arcade quanto o port feito para os consoles caseiros! Além de ser um jogo acima da média, segue de forma bastante fiel a trama do desenho animado! Um verdadeiro clássico!
E aí, lembrou de mais algum clichê e quer compartilhar com a gente? Deixa aí o seu comentário! Semana que vem nós vamos falar dos clichês dos jogos de luta!