Nos meus tempos de moleque, ter um Game Boy Color era o auge da ostentação. Quem tinha jogava Pokémon, era o primeiro a ser escolhido no futebol, liderava a turma no recreio, além de outras regalias. Mas dentro desse seleto grupo de afortunados, havia um ente iluminado que se destacava, quase beirando a divindade: quem tinha um desses kits faz-tudo, da foto aí de baixo!
Com exceção do Super Game Boy, nenhum outro acessório na época era tão cobiçado quanto esse monte de tralhas que transformavam o seu portátil em um não-portátil. Despeito meu ou não (voto pelo não, claro), a verdade é que essa foi uma das boas criações que a indústria de games produziu, quando falamos de acessórios. Pistolas, Bazookas, óculos e outras bugigangas de plástico não são exclusividade das novas gerações de consoles, tendo marcado presença em praticamente toda a história dos videogames. No Top 5½ de hoje, vamos listar os 5 piores apetrechos já lançados, além de um que nem é tão mal assim, mas que ainda não justificou a que veio. Confere aí!
5. Nintendo e-Reader
Se tem algo que nós não podemos dizer sobre a Nintendo, é que os caras não gostam de inovar. Controle com sensor de movimento, portátil 3D, impressora para console portátil e mais uma penca de invenções, sempre visando a vanguarda do setor de jogos. Algumas dessas bugigangas dão certo, enquanto outras não compartilham do mesmo sucesso. O Nintendo e-Reader é um bom exemplo.
A ideia era boa: um dispositivo para ler cartões de papel com dados especialmente codificados, acrescentando novos jogos e informações ao Game Boy Advance. O gadget foi lançado em 2001, mas não teve uma vida muito longa. Usá-lo era extremamente trabalhoso, já que eram necessárias muitas cartas para se obter algo ínfimo. No caso de Super Mario Advance 4: Super Mario Bros. 3, eram necessários dois Game Boy Advance, além de um cabo link. A troco de quê? Alguns meros power-ups e outras recompensas simples, que não compensavam o esforço. Já foi tarde, e-Reader!
4. R.O.B.
Sendo taxativo, a melhor função desempenhada por R.O.B. até hoje foi como personagem de Super Smash Bros.
O camarada robô precisava de 4 pilhas AA para te irritar com sua inutilidade e lentidão. Um CD da Gretchen te irrita por muito menos, além de ser bem mais barato. Para ter um R.O.B. em casa, só pagando pelo kit mais caro do Nes, que chegava a custar US$250 na época.
O robô recebia estímulos óticos a partir de flashes emitidos pela TV, para funcionar como uma espécie de segundo jogador. A ideia da Nintendo era dar uma cara futurista ao seu console, de modo a distanciá-lo do mercado quase falido de videogames da época. Ok, nesse sentido a ideia era boa, mas a execução foi bem diferente: R.O.B. só funcionava com dois jogos, além de precisar de outras parafernálias para ser funcional. Fala sério!
3. Sega Activator
Pra dar uma equilibrada no jogo, vamos espinafrar um pouquinho a maior concorrente da Nintendo na década de 90. Se você for fã de revistas de games antigas, deve ter uma por aí com anúncios do Sega Activator e algumas fotos de Eternal Champions. Não lembra? Uma foto deve te ajudar a clarear a mente.
A ideia era ter uma parede infravermelha em torno do jogador, captando seus movimentos e atribuindo ações a cada golpe desferido. Vamos dizer que se trata de um kinect da década de 90, ok? Só que o sistema era extremamente confuso, já que cada direção correspondia a um botão do joystick tradicional. Conseguem imaginar o trampo que era para usar um golpe?
Além disso, o Activator precisava ser montado e calibrado a cada jogatina, além de precisar de alimentação externa para funcionar. Tem quem diga que é possível usar dois desses acoplados a um só console, mas nós não recomendamos: a chance de você chutar a canela do seu amiguinho é grande! Quase tão grande quanto a nossa decepção!
2. Power Glove
A ideia era boa e o retorno financeiro não foi dos piores, já que foram vendidas 100.000 unidades, só nos Estados Unidos. Ter uma luva e controlar os jogos com movimentos corporais parecia interessante, principalmente para o jogador de 1989. Só que, como todos os acessórios já listados até aqui, usar a Power Glove era extremamente cansativo e irritante. Com poucos jogos exclusivos para o periférico, usar a luva em qualquer outro jogo significava pedir para se aborrecer, já que você precisava descobrir sozinho as funcionalidades da luva, além de rezar para que os três sensores lessem corretamente o seu comando.
A cereja do bolo veio em forma de filme, que você pode conferir logo abaixo. Depois de se exibir usando o acessório, o meninão solta a frase épica: “I love the Power Glove… It’s so bad!”, vendendo uma falsa ideia de que o trambolho era radical.
1. Acessórios do Wii
O Wii foi o console campeão na arte de acessórios inúteis. Raquetes, tacos de golfe, espadas, escudos, bolas de boliche e mais uma penca de quinquilharias plásticas, todas sem nenhum propósito além de gastar seu rico dinheirinho. Não entendeu? O tio explica: todos esses pseudo-equipamentos precisavam do Wii Remote acoplado para funcionar e não traziam nenhuma funcionalidade nova para o equipamento. Ainda que ruins, todos os acessórios anteriores ao menos se esforçaram para oferecer uma experiência diferente. O campeão da nossa lista, nem isso, já que só servia como uma capa grande e desengonçada para o nosso controle.
Como se já não fosse constrangedor o bastante correr de um lado para o outro da sala jogando Wii (é divertido, mas é visualmente bizarro, admita), imagina fazer isso segurando um controle em forma de raquete de tênis que não serve para absolutamente nada!
½. Kinect
Não é que nós achemos o Kinect ruim. A verdade é que o produto é razoável e cumpre seu papel na hora de capturar os movimentos do jogador, a ponto de ter se provado útil até mesmo quando está longe de um videogame. O problema está no que fazer com esses movimentos, já que poucos jogos fizeram, de fato, bom uso da tecnologia.
Quando o Kinect foi lançado, imaginávamos estar diante de uma revolução tão grande quanto a causada pelo Wii, mas a enxurrada de joguinhos pseudo-esportivos logo nos fez baixar o ânimo. Salvo Just Dance e similares, que já mostram sinais de cansaço, nenhuma outra franquia conseguiu surfar a onda de “ser o controle”. Ainda está em tempo de mudar esse cenário!