Falta pouquinho para a estreia de O Despertar da Força, o primeiro episódio de Star Wars sem o envolvimento de George Lucas na direção ou roteiro.
Triste notícia? Nem tanto. Se você perguntar aos fãs de longa data, logo descobrirá que grande parte deles se frustrou tanto com a segunda trilogia de filmes que chega a comemorar a “aposentadoria” de Lucas.
Grande parte dessa birra se deve à recepção fria que A Ameaça Fantasma recebeu quando chegou aos cinemas em 1999. Passados mais de 15 anos, será que já estamos prontos para superar a dor e perdoar todos os Jar Jar Binks e buracos no roteiro?
Sim e não. De fato, não dá nem para começar a comparar o filme com os magistrais Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, uma trilogia praticamente perfeita e empolgante do começo ao fim.

Mas talvez, só talvez, A Ameaça Fantasma não seja o pior capítulo da saga. Quem sabe se, passada a pressão de dar continuidade à uma série tão cultuada, e analisando o filme pelo que ele é, haja algo ainda pior na hexalogia?
Pense bem e lembre do quão irritante foi ver o pequeno Jake Lloyd dando vida a um dos maiores vilões do cinema como uma criancinha inocente. Começamos com o pé errado na defesa do filme, né? Mas será mesmo que você se incomoda mais com um garoto que pilota caças Naboo e participa de corridas de Pod do que com Hayden Christensen?
Além da atuação de Hayden ser fraquíssima — o que fica ainda mais evidente quando ele divide a tela com os premiados Ewan McGregor e Natalie Portman —, o roteiro de Ataque dos Clones certamente não o ajuda em nada.
Sério, da próxima vez que você se irritar com o Jake, feche os olhos e lembre de quando Hayden estava cantando a Natalie Portman falando sobre areia:
”São apenas oito segundos de vídeo”, você pode pensar. Quem dera fosse só isso mesmo. O problema é que o romance entre Anakin e Padmé movimenta quase todo o filme, fala constrangedora após fala constrangedora, do Padawan stalker de tocaia no quarto da senadora até o resgate brega na arena de Geonosis.
Não que o resto d’A Ameaça dos Clones se saia muito melhor quando Anakin não está em cena. Obi-Wan, por exemplo, se mete na trama mais desinteressante já vista desde… bom, desde as tramoias políticas de Coruscant em A Ameaça Fantasma, na verdade.
Mas se no Episódio I havia o consolo de estarmos assistindo a ascensão do chanceler Palpatine ao poder, no Episódio II não há lampejos de salvação, apenas tramas mal contadas andando em círculos.
Veja e reveja Ataque dos Clones algumas vezes e ainda assim você não saberá quem diabos é o tal mestre Zaifo Vias que ordenou a construção dos clones. Sério, como diabos ele se relaciona com Dooku? Aliás, qual era o real interesse do personagem de Christopher Lee nesse filme? A gente deveria procurar por respostas no universo expandido? Que tipo de filme faz isso?!
Da investigação por bares e bibliotecas Jedi até o combate com Jango Fett, Obi-Wan vive alguns dos momentos menos empolgantes da saga. Dá até saudade do jovem padawan que, ao lado de Qui-Gon Jinn, duelou com Darth Maul e seu sabre duplo ao som da fantástica Duel of Fates, mais uma joia do mestre John Williams.
Vamos combinar, não importa o quanto A Ameaça Fantasma fruste com seus midi clorians, Gungans e tom infantil, essa música fica lá em cima nas grandes trilhas sonoras de todos os tempos, páreo duro com a icônica Marcha Imperial.
Tecnicamente e visualmente, aliás, o primeiro filme da cronologia dá um show. Se o desenvolvimento da federação do comércio deixa a desejar, o mesmo não se pode dizer do visual e efeitos sonoros que dão vida aos seus robôs de infantaria e droidekas.
Naboo vibra com vida e rende alguns dos cenários mais belos já vistos no cinema, mas será que o mesmo pode se dizer da sequência? Kamino e Geonosis, os principais planetas apresentados em Ataque dos Clones não chegam perto de causar o mesmo deslumbre e fascínio.

No fim das contas, os dois primeiros episódios de Star Wars são meio fracos, tanto na época de seu lançamento como hoje em dia. Passado o juízo do tempo, parece que só A Vingança dos Sith será lembrado com algum carinho pelos fãs.
Ainda assim, recomendamos rever o primeiro episódio, até para constatar que sua sequência pode ser a verdadeira dona do posto de pior capítulo da saga espacial. Então abra a mente e tire um pouco do ódio do seu coração. Afinal, o ódio é o caminho para o lado sombrio…