Confesso que fui pego de surpresa pelo ressurgimento de The Last Guardian na conferência da E3 da Sony no ano passado. Anunciado há cerca de uma década para PlayStation 3, o jogo é a sequencia espiritual dos excelentes Ico e Shadow of the Colossus e, naquela época, tinha tudo para ser mais um grande clássico criado por Fumito Ueda. Contudo, após diversos problemas durante o seu desenvolvimento, muitos acreditavam que o título havia sido cancelado.
O retorno de Trico aos holofotes, apesar de chocante, não foi lá muito animador. Com gráficos datados e uma jogabilidade que parecia bastante imprecisa, o jogo dividiu opiniões de especialistas durante a E3. Na BGS deste ano, tive a oportunidade de ver a primeira meia hora do jogo e, apesar dos claros problemas de gameplay, pude notar a essência dos maravilhosos títulos lançados no PlayStation 2.
Logo de cara, o misterioso garoto protagonista da aventura acorda próximo a Trico, uma fera gigantesca que parece o resultado da fusão entre um gato e uma galinha. O imponente animal está preso por correntes e o menino, bastante assustado, não faz ideia de como foi parar naquele lugar. O jogo inteiro é um flashback da infância do protagonista, o que fará o jogador reviver a grande amizade vivida pelo menino e a misteriosa fera.
Assim como nas outras obras de Ueda, o enfoque de The Last Guardian está nas emoções. Felicidade, angústia, medo e raiva são alguns dos sentimentos que se misturam o tempo todo na mente do jogador, fazendo com que ele mergulhe completamente na história mesmo sem grandes cutscenes e momentos de grande desenvolvimento narrativo.
Após o susto inicial, o garoto percebe que, além de estar preso, Trico possui lanças fincadas em seu corpo. Após retirá-las, o menino faz de tudo para libertar a fera de suas correntes, e com suas ações vai conquistando cada vez mais a confiança da criatura. Entre um barril de comida e outro, é notável o realismo das reações de Trico nas mais diversas situações. Ao se libertar completamente, a criatura passa a seguir o garoto interagindo com ele pelo caminho e o ajudando avançar. A personalidade de Trico chama atenção, conquistando o jogador logo nos primeiros minutos da aventura.
Apesar de muito divertida, a experiência de gameplay de The Last Guardian ainda apresenta os mesmos problemas apontados desde a E3 do ano passado. Os gráficos não são e não objetivam ser realistas. Mas é um pouco frustrante ver que o jogo parece não tirar total proveito do hardware potente do PlayStation 4, sendo extremamente parecido com a versão apresentada no início da vida do PlayStation 3. Mas esta não chega nem perto de ser a minha maior crítica sobre a demonstração.
Na verdade, o que me preocupou bastante foi a jogabilidade. Bastante desengonçado, o garoto parecia não responder muito bem aos comandos dados pelo jogador, e ações que deveriam ser extremamente simples, como pegar um barril de comida ou subir em alguma beirada pareceram extremamente difíceis de serem executadas. A complexidade não estava nos comandos em si, mas na falta de precisão dos controles.
Nesta semana, o jogo foi adiado mais uma vez, e agora está com lançamento previsto para dezembro. Vamos torcer para que nesse meio-tempo consigam melhorar as respostas dos controles, já que The Last Guardian carrega a enorme responsabilidade de fazer jus aos seus antecessores. Com expectativas tão grandes, qualquer erro pode ser fatal.