Todos fomos pegos de surpresa quando saiu a notícia de que a Nintendo estaria preparando uma série de TV de The Legend of Zelda em parceria com a Netflix. As reações foram as mais diversas, desde gente feliz da vida — eu incluso — com a possibilidade de ver uma de suas franquias favoritas dos games transportadas para uma nova mídia até a galera descrente, que logo lembrou dos fiascos que foram produções como a animação de Zelda nos anos 80 e os games para a plataforma CD-i, da Phillips.
Como nada foi oficialmente informado (e muito menos vazaram mais nada até o momento), tudo o que sabemos até agora é que a série deve ter uma pegada meio “Game of Thrones para a família” e que contará — caso a informação não seja apenas um boato e/ou a produção saia do papel — com a qualidade dos seriados produzidos pela Netflix.
Dito isso, vamos analisar as informações. A série Zelda realmente tem uma pegada de fantasia medieval. E o tom épico fica ainda mais evidente em Twilight Princess, jogo que em muito lembra O Senhor dos Anéis, a série de livros criada por J.R.R Tolkien que já foi adaptada em animações e, mais recentemente, em filmes de grande sucesso. E Game of Thrones, de George R.R. Martin, bebe da fonte de O Senhor dos Anéis (mas com um estilo mais adulto).
Levando isso em consideração, dizer que uma série de TV de Zelda seria um “Game of Thrones para a família” é só atestar o óbvio. O ponto aqui não é comparar todo o conteúdo adulto com os games Zelda e imaginar Link e a princesa em um romance proibido e recheado de cenas de sexo. A declaração muito provavelmente quis dizer que um seriado de The Legend of Zelda seria uma fantasia medieval com a qualidade de produção de Game of Thrones.
Difícil de imaginar uma série com produção tão boa quanto GoT? Acha que só a HBO tem cacife pra fazer algo no mesmo nível? Se você pensa assim, é hora de rever seus conceitos. Hoje a Netflix é produtora de algumas das melhores séries de TV da atualidade, como House of Cards, Orange is the New Black e Marco Polo, além do documentário Virunga, indicado ao Oscar esse ano.
Quer mais? Que tal as séries Demolidor, AKA Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Os Defensores, produções da Marvel em parceria com o serviço de streaming? Se a Netflix tem força o suficiente pra coproduzir séries baseadas nos heróis da Marvel, então quanto à qualidade de uma série de Zelda não precisamos nos preocupar.
Uma grande preocupação dos fãs, porém, não é exatamente com relação ao nível de qualidade da produção; muita gente tem perdido o sono por achar que Zelda não daria certo na TV. Será que o folclore da franquia funcionaria nas telinhas? Como fariam com Link, o “herói mudo”? Aliás, esse lance de os personagens de Zelda terem vozes ou não já deu muito pano pra manga.
É possível, sim, adaptar de forma satisfatória as histórias de The Legend of Zelda para a TV. Não haveria necessidade de usar o roteiro de um jogo específico: criar uma trama própria, com versões próprias dos personagens e uma visão nova do reino de Hyrule poderia dar certo. Lembremos que é comum na série que as histórias pouco tenham em comum entre si e que dificilmente são sequências diretas. Com isso em mente, é bem fácil imaginar uma história inédita com Link, Zelda e até mesmo o bom e velho Ganondorf.

Quanto aos personagens terem vozes, bem, isso é algo que é preciso aceitar. A Nintendo já cogitou ter diálogos dublados na série, e hoje em dia a dublagem de games tem um altíssimo nível de qualidade. Não faz sentido usar isso como uma justificativa para dizer que a série seria um fiasco, principalmente se lembrarmos que a IGN já fez uma pegadinha de 1º de abril que fez muita gente saltar da cadeira de excitação em 2008. E mesmo hoje, sete anos depois, o vídeo ainda prova que uma produção em live-action de Zelda não só funcionaria como tem potencial pra ser extremamente épica!
Com isso, é seguro esperar que, caso a produção saia mesmo do papel, sejamos presenteados com uma série de alta qualidade não apenas em relação ao visual, mas também com ótimos roteiros. Só nos resta mesmo é cruzar os dedos e esperar que a Nintendo e a Netflix levem a ideia adiante e The Legend of Zelda chegue à grade de exibição do serviço de streaming.
Até lá, vamos de Majora’s Mask no 3DS pra matar um pouco a ansiedade!