Lançado originalmente para PlayStation 3 e Xbox 360 em 2012, o RPG de ação em mundo aberto Dragon’s Dogma chegou este mês ao PlayStation 4 e ao Xbox One com o lançamento da remasterização de Dragon’s Dogma: Dark Arisen, uma versão aprimorada do jogo original lançada em 2013 para PS3 e X360. Já disponível para PCs desde 2016 (você pode ler nossa review dessa versão do jogo aqui no PlayReplay), Dark Arisen adiciona ao game uma nova zona para explorar, além de contar com todos os DLCs lançados para o Dragon’s Dogma original, bem como novas armas, armaduras e missões.
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Aclamado em seu lançamento, vendendo mais de meio milhão de unidades em pré-venda e mais de 330 mil unidades em sua primeira semana nas lojas no Japão, números que só aumentaram conforme o tempo foi passando. Nos Estados Unidos, o jogo vendeu 92 mil unidades em apenas cinco dias. Pra fechar com chave de ouro, o game recebeu da famosa revista japonesa Famitsu o ranking “Hall of Fame: Gold”, o que é mais do que suficiente pra confirmar que Dragon’s Dogma é, sem dúvida alguma, um game sensacional.
Quisera eu saber disso antes de começar a jogá-lo para fazer essa análise…
Começando em Dragon’s Dogma
Não me envergonho (muito) em dizer que em 2012 comprei Dragon’s Dogma praticamente no lançamento. Estava cobrindo a E3, passei em uma Gamestop e, dentre vários títulos que estava seco para jogar, adquiri uma cópia do jogo para PS3. Eu sabia da existência de Dragon’s Dogma, sabia que se tratava de um action RPG, um dos meus gêneros de jogos favoritos, mas o RPG da Capcom não era exatamente prioridade na minha lista. Resumo da história: comprei em 2012, tirei do plástico em 2014 e instalei e joguei uma ou duas horinhas em 2016 — mas como não era mais um lançamento e eu tinha outros jogos pra priorizar, acabei deixando de lado. Hoje, olhando pra trás, vejo que não dar mais atenção a Dragon’s Dogma no passado foi um grande erro.
Avançamos no tempo, chegamos a 2017 e a versão remasterizada de Dragon’s Dogma: Dark Arisen é relançada para PlayStation 4 e Xbox One. Ao instalar o jogo no Xbox One e começar a jogar as primeiras horas, percebi que estava diante de um daqueles jogos que praticamente sugariam minha alma (no melhor sentido possível). Da introdução ao bastante completo e diversificado sistema de criação de personagem (completíssimo mesmo, principalmente para um game lançado originalmente há quase cinco anos), que permite selecionar desde a cor dos olhos até a classe do personagem, Dragon’s Dogma: Dark Arisen a cada momento se prova um dos melhores RPGs de ação com temática “fantasia medieval” lançados tanto para esta geração quanto para a anterior.
Jogando (quase) em grupo
Um dos grandes destaques de Dragon’s Dogma: Dark Arisen fica por conta do divertido e dinâmico sistema de combate, no melhor estilo hack’n’slash. Some a isso a dificuldade um pouco elevada mais elevada — um meio-termo entre Skyrim e Dark Souls —, que torna em grandes desafios até mesmo inimigos normalmente tidos como mais fracos, como lobos e goblins comuns, principalmente quando atacando em bandos.
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Para a nossa sorte, o jogo oferece a possibilidade de criarmos um Pawn, nosso fiel companheiro ou companheira (que assim como o personagem principal é totalmente personalizável) que nos acompanha durante a campanha. É possível, ainda, contratar Pawns criados por outros jogadores para te ajudarem a prosseguir com um pouco mais de segurança, montando um time de até quatro personagens (você e até três Pawns controlados pela inteligência artificial do jogo), o que dá uma leve sensação de “multiplayer”.
Para tirar máximo proveito do seu time, é essencial escolher bem não apenas a sua classe e a do seu Pawn, mas também a dos Pawns “alugados”. São nove classes ao todo, como Fighter, Ranger, Assassin, Magic Knight e Sorcerer, por exemplo, cada uma com um tipo diferente de jogabilidade. O mais legal é que você pode mudar a classe do seu personagem, seja selecionando uma nova ou retornando para uma anterior, e várias habilidades conquistadas em uma classe podem ser aproveitas em uma outra. Selecionar personagens de diferentes classes, com diferentes forças e fraquezas, aumentas suas chances de sucesso (leia-se “chances de morrer menos”) nas expedições a cavernas e florestas cheias de inimigos que vão de simples humanos bandidos a imensos dragões sedentos de sangue.
Falando nisso, é indescritível a sensação de passar minutos e mais minutos elaborando estratégias para derrotar inimigos mais fortes. Nesta madrugada mesmo me diverti aos montes caçando um dragão muito mais forte do qualquer outro inimigo que já tivesse cruzado meu caminho em Dragon’s Dogma: Dark Arisen até então. Embora você conte com até quatro personagens no seu time, somente o personagem principal é controlável, o que te leva a, muitas vezes, depender da habilidade dos personagens “alugados”.
Sim, habilidade, já que um Pawn pode mandar muito bem em uma luta contra um inimigo que já conhece. No meu caso, um dos personagens que contratei já havia batalhado contra o dragão na campanha do jogador que o criou, então durante a minha campanha não só recebi muitas dicas de onde bater e quando desviar de golpes mas também o desempenho desse Pawn na luta foi bastante superior ao dos outros, que viam o inimigo pela primeira vez.
Tudo isso torna a experiência de jogo ainda mais dinâmica, divertida, imersiva e autêntica, além de encorajar o jogador a contratar diferentes Pawns de tempos em tempos não apenas para nivelar o time (visto que Pawns alugados não sobem de nível com seu personagem e seu Pawn), mas também para tirar o máximo proveito do conhecimento que esses personagens podem ter de quests — sim, eles também ajudam com dicas de missões que já fizeram na campanha de outro jogador! — e adversários.
Diversão garantida
A menos que você tenha ódio mortal de jogos que apresentem um pouco mais de dificuldade, Dragon’s Dogma: Dark Arisen é diversão garantida. Conversar com os Pawns do seu time, conhecer novos pontos do mapa, encontrar personagens interessantes e únicos e batalhar inimigos fortíssimos em batalhas dinâmicas e que muitas vezes requerem bastante estratégia são sem dúvida alguma alguns dos maiores pontos positivos do jogo.
Por outro lado, sua história não é das mais interessantes. Na trama, seu personagem bate de frente com um dragão em uma tentativa pífia de salvar seu vilarejo e acaba tendo o próprio coração arrancado pelo dragão. Em vez de morrer, o personagem se transforma no Arisen, um ser quase folclórico tido por muitos como o salvador do mundo. A partir daí a aventura se desenrola, de cidade a cidade, floresta a floresta, acampamento a acampamento, sempre oferecendo quests e batalhas desafiadoras e divertidas, que somadas são capazes de se desenrolar por horas e mais horas sem se tornarem maçantes e arrastadas.
Assim, a verdadeira graça de Dragon’s Dogma está em se aventurar, e não no “por que” da aventura. É claro que esse é um ponto importante pra muita gente, eu mesmo prezo bastante por uma boa história, mas a falta de complexidade ou impacto da trama não tira muito do brilho de Dragon’s Dogma: Dark Arisen. Nem mesmo os gráficos datados, que mesmo remasterizados ficam aquém dos visuais de games mais recentes, como The Witcher 3 e Final Fantasy XV, tornam a experiência de jogo menos digna do seu tempo.
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Tanto que, ainda que não tendo terminado o jogo (tenho aproximadamente 40 horas de jogo), Dragon’s Dogma: Dark Arisen continua resultando em madrugadas em claro e um sorrisinho de satisfação a cada monstrengo derrotado mesmo com games de peso chegando às lojas recentemente.
Com sistemas de jogo inteligentes, com destaque para a ação hack’n’slash e a possibilidade de “alugar” personagens de outros jogadores para compor seu time, Dragon’s Dogma: Dark Arisen com certeza merece sua atenção, principalmente se você, assim como eu, cometeu o erro de ignorar o jogo no passado.
Dragon’s Dogma: Dark Arisen – Nota: 4,5/5
Produtora: Capcom
Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, PC, PS3 e X360
Plataforma utilizada na análise: Xbox One
Produto cedido para análise: Sim