Enquanto conversava com Fernando Cruz e o rapaz me explicava o funcionamento de seu projeto, uma música não saía da minha cabeça.
“Se você quer ser um mestre Pokémon
Ser de todos os melhor
Vamos lá!”
Afinal, é quase impossível não cogitar se tornar o maior de todos quando o assunto são os monstrinhos de bolso da Nintendo. E foi justamente a criação de Satoshi Tajiri que levou um grupo de fãs a bolar um jogo de tabuleiro não-oficial — mas super-bacana.
Trata-se de Pokémon Ultimate Battle, um boardgame com regras complexas e que se baseia fortemente nos games lançados para os portáteis da Nintendo.
Essa, porém, não é a primeira vez que Pokémon vai parar nos tabuleiros. Em 1999, a Estrela lançava no mercado brasileiro “Pokémon — Mestre dos Treinadores”. O jogo contava com regras bem simples e se baseava nas aventuras do desenho animado estrelado pelo treinador Ash Ketchum.
Para Cruz, as comparações entre seu jogo e o oficial da Estrela se resumem à trama. “Nosso jogo lembra o antigo, chamado Mestre dos Treinadores, simplesmente porque a história é a mesma: tem uma jornada, você pode capturar Pokémon e vencer a Elite dos 4,” afirma o rapaz. “Prefiro dizer que meu jogo tem como inspiração os games porque as possibilidades dele são como nos games.”

Um bom exemplo de como Ultimate Battle se diferencia bastante de Mestre dos Treinadores é a forma como se pode capturar monstrinhos. “Para capturar um Pokémon você não tem que tirar um número no dado, como em Mestre dos Treinadores,” explicou Fernando Cruz, se referindo à simplicidade do jogo do final da década de 1990. “[Em Pokémon Ultimate Battle] você precisa achar um Pokémon selvagem em eventos aleatórios. Você nunca sabe o que vai acontecer quando cair em uma casa.”
Fernando sabe que mexer com a propriedade intelectual de terceiros é coisa séria e se mostrou preocupado com a questão dos direitos autorais. “A detentora que administra [os direitos] é a Pokémon Company, e ela realmente não é uma empresa fácil de se conseguir direitos autorais.” O rapaz, porém, acredita que a empresa pode estar diante de uma boa oportunidade de negócios. “A Pokémon Company não tem nada a perder com meu jogo, ela aceita licenciá-lo se quiser. Se não quiser, ela simplesmente vai estar rejeitando um bom negócio sem perder nada.”

Justamente procurando evitar problemas judiciais, Fernando reforça não estar comercializando o jogo — mas afirma que muita gente o tem procurado com interesse em adquirir o produto. Cruz tem se limitado a apresentar sua ideia em eventos, onde o público pode experimentar sua criação, e busca o apoio dos fãs para levar a ideia adiante.
Caso consiga apresentar o projeto para a Pokémon Company e tudo corra conforme o esperado, Fernando diz que uma versão digital de Pokémon Ultimate Battle está nos planos. “Mas é claro que isso ficará a critério da empresa que vier a comprar meu jogo e pagar a licença.”

É bem legal ver esse tipo de iniciativa. Independente do destino do projeto, o que vale é ver gente talentosa criando formas de atender a um nicho que já demonstrou anteriormente ter interesse em adquirir jogos semelhantes (contando até mesmo com um abaixo assinado pedindo uma continuação do jogo de 1999) e que há mais de quinze anos não recebe um novo lançamento da série.