Hoje mais cedo a gente noticiou que a Microsoft comprou a Mojang, produtora do sucesso Minecraft, pela bagatela de US$ 2,5 bilhões. Rumores já circulavam na internet sobre a negociação entre as duas empresas, mas só agora veio a confirmação.
A transação levou Markus “Notch” Persson, criador de Minecraft e fundador da Mojang, a falar sobre a situação em seu blog pessoal. Notch desabafou, falando sobre a experiência de ter criado um game de sucesso tão estrondoso, ser atacado pelos fãs e sua saída da produtora, agora de propriedade da Microsoft.
Abaixo, você confere a tradução de sua postagem na íntegra.
Não me vejo como um verdadeiro desenvolvedor de jogos. Eu faço jogos porque é divertido, e porque amo videogames e amo programar, mas não faço jogos com a intenção de que se tornem grandes sucessos, e eu não tento mudar o mundo. Minecraft certamente se tornou um grande sucesso, e as pessoas estão me dizendo que ele mudou os games. Também nunca quis que ele o fizesse. Isso com certeza é lisonjeiro, e ser gradativamente arrastado para os holofotes é interessante.
Um tempo atrás, decidi deixar o desenvolvimento de Minecraft. Jens [Bergensten] era a pessoa perfeita pra assumir a liderança, e eu queria tentar fazer coisas novas. De primeira, falhei tentando fazer algo grande novamente, mas desde que decidi me ater a protótipos menores e desafios interessantes, me diverti bastante trabalhando. Eu não tinha muita certeza de como eu me encaixava na Mojang, onde as pessoas estavam efetivamente trabalhando, mas como diziam que eu era importante para a cultura, acabei ficando.
Eu estava em casa, com um baita resfriado, algumas semanas atrás, quando a internet explodiu em ódio contra mim por causa de algum tipo de situação relativa a licenças de uso [de Minecraft] com as quais eu não tinha qualquer envolvimento. Fiquei confuso. Eu não entendia. Frustrado, até twittei sobre isso. Mais tarde, assisti ao vídeo This is Phil Fish no Youtube e comecei a perceber que eu não tinha com meus fãs a conexão que achava ter. Eu me tornei um símbolo. Não quero ser um símbolo, responsável por algo grande que eu não entendo, com o qual não quero trabalhar, e que continua voltando até mim. Não sou um empresário. Não sou um CEO. Eu sou um programador de computadores nerdão que gosta de opinar no Twitter.
Assim que o negócio estiver fechado [com a Microsoft], deixarei a Mojang e voltarei a participar de Ludum Dares [NE: competições onde desenvolvedores devem produzir um jogo em um determinado período de tempo] e a fazer pequenos experimentos na internet. Se eu por acidente vier a criar algo que pareça que vá deslanchar, provavelmente vou abandoná-lo imediatamente.
Levando em consideração que minha imagem pública já está um pouco manchada, não espero me livrar de comentários negativos. Mas pelo menos não vou me sentir na responsabilidade de lê-los.
Estou ciente que isso vai contra muita coisa que eu já disse em público. Não tenho uma boa resposta pra isso. Também estou ciente de que muitos de vocês estavam me usando como um símbolo de alguma batalha percebida. Eu não sou. Sou uma pessoa, e estou bem aí batalhando com vocês.
Amo vocês. Todos vocês. Obrigado por transformarem Minecraft no que ele se tornou, mas há muitos de vocês e eu não posso ser responsável por algo tão grande. Por um lado, o jogo agora pertence à Microsoft. Por outro muito maior, ele pertenceu a todos vocês por um longo tempo, e isso nunca vai mudar.
Isso não é sobre dinheiro. É sobre a minha sanidade.