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AnimeCríticas

Terceiro ano de My Hero Academia consagra a melhor história de heróis desta geração

Desde pequeno eu gosto muito de super-heróis. Como eu era o CDF gordinho da turma na escola, é óbvio que eu não era exatamente a pessoa mais popular, extrovertida ou livre de provocações ocasionais. Assim, era em personagens como Homem-Aranha e os X-Men que eu encontrava inspiração e motivação para encarar os desafios da vida e vislumbrar um futuro melhor e mais justo.


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Existe algo de vital importância nos símbolos e mitos que nos dão coragem e forças; nas histórias que nos fazem idealizar um mundo onde até os pequenos atos de heroísmo são o bastante para criar uma realidade melhor para todos. Ainda mais hoje em dia, quando vivemos em uma sociedade extremamente violenta, problemática e polarizada, diria que chega a ser necessário ter histórias repletas de otimismo, superação e lições claras, puras e diretas!

O valor do otimismo

Por muito tempo a Marvel e a DC, tanto em seus quadrinhos como em seus filmes, parecem sofrer com crises de identidade e falta de foco, indecisos sobre o tom e mensagem que deveriam passar para seus fãs. Como o mestre Alan Moore bem disse, a HQ de Watchmen jamais deveria ter servido como base narrativa para outras histórias de heróis, já que a desconstrução que ele escreveu era muito mais uma crítica do que um ideal a ser seguido e exaustivamente copiado.

Confira também o nosso review em vídeo postado no canal parceiro Aquele Cara

Ainda assim, passamos as décadas seguintes vendo histórias metidas a “sombrias e realistas” usando o tom mais adulto como paradigma, como se esse fosse o único caminho possível para trazer os heróis aos tempos modernos sem cair no ridículo e datado. Uniformes coloridos, valores simples e diretos em histórias do bem contra o mal já pareciam sem espaço em um mundo tão denso e complexo.

Em paralelo, aos poucos as políticas de identidade também foram ganhando espaço e tentando trazer um necessário sopro de diversidade e modernidade à obras que sempre apelaram para um público majoritariamente masculino e branco. Só que, infelizmente, as saídas encontradas pareciam muito mais decisões artificiais de executivos engravatados do que fruto de uma genuína vontade de contar boas histórias para um novo público.

Frustrado com essas coisas, eu não me sentia particularmente interessado ou investido em nenhum herói ou obra lançada nos últimos anos… ao menos até começar a assistir ao anime Boku no Hero Academia.

Um pé no passado, outro no futuro

Já na primeira temporada estava claro que havia algo de especial na obra de Kohei Horikoshi. Extremamente reverente aos heróis de outrora, especialmente às eras de ouro e prata dos quadrinhos norte-americanos, o mangaká conseguiu criar uma história que ao mesmo tempo celebrava o passado e conseguia apontar caminhos interessantes para o futuro do gênero.

Embora seja vendido como o seu típico anime shounen, My Hero Academia é muito mais do que se imagina em um primeiro contato. Para cada convenção do gênero abraçada (como o protagonista com seu arco particular de crescimento, a rivalidade com um nêmesis da infância, histórias de treinamento e superação, etc.), há uma subversão, releitura ou abordagem totalmente nova para as situações.

A trama da série é meticulosamente construída e amarrada em uma estrutura que alguns poderiam considerar quase como um “clímax interrompido”: os riscos e coisas em jogo são, via de regra, pequenos. Não há mortes ou culminações óbvias na narrativa. A grandeza está, paradoxalmente, nos pequenos momentos. Cada breve demonstração de heroísmo pode ser — e, nesse caso, é mesmo —um fim em si mesmo.

Nunca existe um raio apocalíptico prestes a destruir a cidade, um confronto colossal que salva o mundo em uma única grande batalha definitiva. Em My Hero Academia, o planeta é salvo um dia de cada vez. A redenção vem das relações entre os personagens. Dos treinamentos. Em fazer a menor das diferenças. De grão em grão, de episódio em episódio, aprendemos junto aos estudantes da UA o que nos torna heróis.

Uma temporada ideal

Uma vez estabelecida o tom e fórmula nas duas primeiras temporadas, o terceiro ano soube magistralmente explorar a estrutura da série e colocar, sem receio, 100% do seu poder PLUS ULTRA nos pontos mais cruciais e impactantes. Antes quase cego em sua idolatria ao herói número um, Midoriya agora beira a iconoclastia, começando a definir sua própria identidade e abordagem como herói.

É por isso que sua batalha solo contra o Muscular funciona tão bem, mesmo envolvendo o resgate de apenas uma pessoa. E é por isso que, quando o All Might lhe aponta o dedo e define que “você é o próximo”, entendemos o quão literal foi a passagem de responsabilidade que veio junto ao seu poder.

Outro ponto muito positivo da terceira temporada é que os personagens secundários continuaram recebendo ótimas tramas e desenvolvimento. O elenco feminino, claro, continua liderando pelo exemplo: todas as garotas são best girls e têm suas devidas oportunidades para brilhar usando seus poderes, intelectos e sensibilidade para desarmar situações tensas.

Falando em tensão, apesar da segunda metade da temporada ser um merecido respiro depois da adrenalina dos primeiros 12 episódios, foi nela que tivemos o aguardado desenvolvimento e aprofundamento de Bakugou, talvez o herói que mais se beneficiou dos eventos deste ano. Conheço muita gente que não suportava o Bakugou e, ao fim da temporada, já dizia estar revendo sua visão sobre o herói. É sinal de um trabalho bem feito e de um desenvolvimento coerente e gratificante de acompanhar.

Por sinal, esse é um elogio que vale para a série inteira até agora: tanto os personagens heróicos como seu contraponto, o time dos vilões, estão lenta e cuidadosamente se desenvolvendo em tempo real, escrevendo suas próprias histórias dia após dia, e eu mal posso esperar pra ver o que o futuro reserva para essa galera!

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