Foi uma longa espera para os fãs do Mega Man. Embora o maior mascote da Capcom tenha brilhado em coletâneas caprichadas como Mega Man Legacy Collection 1 e 2, desde 2010, com Mega Man 10, não recebíamos um título inédito numerado da série principal. Pior: como os jogos 9 e 10 foram apenas “retro-evoluções”, o blue bomber não recebia uma roupagem totalmente nova desde 1996, com Mega Man 8!
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Assim, qualquer fã das antigas do herói já vai nutrir simpatia imediata pelo novo game só por poder ver o robôzinho em ação de forma inédita: foi tudo feito e planejado do zero, com novos sistemas de física e novas mecânicas de gameplay! Tudo isso, claro, sem deixar de honrar convenções e clichês da série para encher os nossos corações de nostalgia.
Tradição…
O que foi mantido dos capítulos anteriores, felizmente, foi a estrutura de gameplay focada em desafiar 8 mestres robóticos na ordem que bem entender. Ao superar um nível, Mega Man obtém a arma do chefão em questão, sendo que ela é o ponto fraco de um dos outros sete chefes remanescentes.
Assim, descobrir a melhor ordem para superar os desafios é um fim gratificante por si só. Eu sempre adorei essa estrutura de Mega Man, e fiquei muito feliz por ver que ela segue intocada, mesmo com a nova roupagem. Tem até aquele hub tradicional com a carinha do herói ao centro e os oito mestres em volta
Nosso canal parceiro Aquele Cara já detonou o game completo! Confira o gameplay no vídeo acima, começando pela fase do Tundra Man!
Diretamente de Mega Man 7, também retorna a loja de melhorias, onde é possível gastar parafusos em troca de itens como vidas e tanques de energia, recrutar assistentes como o Beat (que salva o Mega Man de quedas em abismos) ou mesmo chips de upgrades que garantem melhorias em funções como as gears. Falando nelas, parece uma boa hora para começar a esmiuçar as novidades!
…e Inovação
Lembra como a mecânica de Dash reinventou completamente o gameplay da série em Mega Man 3, ou como o tiro concentrado do Mega Buster mudou os combates em Mega Man 4? É justo dizer que o sistema Double Gear revigora a série com o mesmo impacto que essas invenções fizeram no passado.
Funciona assim: uma das gears desacelera o tempo e faz com que tanto os inimigos como os objetos do cenário se movam mais devagar, enquanto a outra serve para aumentar o poder dos disparos do Mega Man. Quando o herói está quase no fim de sua vida, é possível usar as duas gears ao mesmo tempo como uma medida desesperada de sobrevivência.
Há um sistema de cooldown em ação, ou seja, não dá para abusar das novas habilidades e, caso o medidor seja estourado, é preciso esperar alguns segundos para reativá-las, o que ajuda a tornar o desafio mais instigante. Até é possível terminar o jogo sem usar as gears, mas isso certamente não é nem um pouco aconselhável, e vai render mais mortes do que o normal.
Confira acima a fase do Torch Man na íntegra!
Morrer a aprender
Morrer de novo e de novo é parte da rotina em Mega Man 11, então não estranhe se vários textos por aí chamarem o jogo de “Dark Souls da plataforma 2D” (ignorando o fato de que o design da série sempre foi focado na tentativa, erro, memorização e aprendizado, muito antes da série da From Software sonhar em existir), como o moderno jornalismo de games adora falar…
Como fã veterano, senti que a dificuldade normal é um ótimo ponto de partida, pois há muita coisa nova para aprender e todo um novo ritmo de saltos e tiros para dominar. A dificuldade mais alta, Superhero, é recomendada justamente para uma segunda jogatina, já devidamente versado no gameplay.
Agora, se essa for a sua primeira empreitada na série, há dois modos mais fáceis para você poder curtir o jogo em paz e entender o que torna Mega Man tão legal, sem precisar passar pelo trauma de ver dezenas de vidas serem perdidas. E pode acreditar, não há vergonha em buscar socorro nesses modos, já que o game está bem barra pesada!
Se eu fosse rankear, diria que esse é o segundo Mega Man mais difícil já feito, perdendo apenas para o primeiro título da série. Há várias partes com abismos tenebrosos e espinhos letais, sem falar na brilhante disposição de inimigos em pontos estratégicos do mapa. Achei os níveis muito bem feitos e adequadamente cruéis, tudo na medida certa.
Também gravamos gameplay da fase do Blast Man!
Diversão das antigas
O ponto mais fraco do jogo é a sua trilha sonora. Composta por Marika Suzuki, a trilha não chega a ser ruim, mas faltam músicas memoráveis como as dos primeiros jogos da série. Da mesma forma, a direção de arte também é um pouco inconstante, e os cenários alternam entre adequados e algo meio porcamente lapidado, parecendo saído de Mighty No. 9.
Também achei o design dos inimigos meio bipolar, até mesmo nos chefões. Alguns deles são esguios, adultos e com uma vibe radical que parece mais coerente com o visual de Mega Man X, como o Acid Man e o Tundra Man. Do outro lado, alguns poucos chefes, como Block Man e Bounce Man, ainda têm o design esperado da série clássica, aquele estilo mais gordinho, infantil e fofinho.
Tal qual acontece nas Mega Man Legacy Collection, é possível esticar a vida útil do jogo com uma série de desafios temáticos, com direito a premiações com medalhas de bronze a ouro dependendo do seu desempenho. Isso agradou em cheio o meu lado complecionista e garantiu muitas horas de diversão além da campanha principal (como se o dificílimo Castelo do Wily já não tivesse consumido horas o bastante da minha vida…)
A fase do Block Man foi disponibilizada na demo de Mega Man 11, mas também a detonamos no jogo completo!
Graças ao seu gameplay divertido, nostalgia certeira e e inovações bem-vindas, Mega Man 11 pode facilmente ser considerado o melhor jogo da série desde os tempos do NES. No entanto, músicas pouco inspiradas e gráficos meio pobres impedem o jogo de figurar entre a elite da série. Ainda assim, é muito, muito bom ter o blue bomber de volta em mais uma aventura caprichadíssima e com desafio sob medida!
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