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Nem mesmo os fortes sobrevivem a X-Men: Apocalipse

Você se lembra da cena pós-créditos de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido? Simples e direta, deu o recado que tinha que dar em 2014:

Dois anos depois, através de uma boa estratégia de marketing visual, o mutante Apocalipse assumiu os holofotes dos trailers e dos posters do terceiro filme da franquia prometendo fazer jus ao fato de ser o primeiro mutante a existir na face da Terra.

Não deu certo.

Após o término da exibição de X-Men: Apocalipse, essa foi a reação de boa parte das pessoas na sala de cinema:

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Bryan Singer, me ajuda ae, man!

Mas que fique claro que o personagem não foi o único que deixou a desejar. O principal culpado pelo resultado desse filme e de todo o rumo que essa trilogia tomou se chama Bryan Singer.

 

A primeira lição a gente nunca esquece

X-Men: Primeira Classe caiu como uma luva da Vampira muito bem aos olhos, ouvidos e mentes dos fãs e entusiastas da trupe de mutantes, é daquele tipo de filme que a cena seguinte toma o posto de preferida que a anterior havia conquistado.

Claro que foi determinante para o sucesso do filme o fato dele te sido polarizado na construção dos personagens Charles Xavier e Magneto. Mas não poderia ser diferente, não é mesmo? Os dois líderes são a base da trajetória de todos os mutantes que conhecemos, o ponto de conexão entre duas filosofias mutantes totalmente distintas que entram em conflito quando o assunto é a convivência pacífica e natural com os seres humanos.

Diálogos bem construídos, takes editados em ritmos coerentes, interpretações surpreendentes, pitadas de humor com direito a uma aparição hilária de Wolverine e muita tensão do início ao fim… enfim, roteiro e direção praticamente impecáveis. Tanto que é lembrado positivamente até hoje! Obrigada, Matthew Vaughn (e por Kick-Ass e Kingsman também)!

 

Cenas memoráveis de um filme esquecido

O segundo filme dividiu opiniões sobre tudo e todos começando pela participação mais ativa de Bryan Singer. Há quem não saiba, mas ele assinou parte da produção de First Class. De todo modo, por algum motivo desconhecido, Singer teve a oportunidade de assumir X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e a agarrou com força, mesmo com uma má fama de diretor após Superman – O Retorno.

Com o domínio total da franquia e a responsabilidade de continuar o belíssimo trabalho desenvolvido por Vaughn, Singer se esqueceu das primeiras lições in loco que teve e o filme não ficou tão bom como deveria ter ficado, pois acabou colocando a história que estava apenas para começar em um limbo gigantesco.

Tudo o que funcionou neste filme já havia funcionado antes: a questão Shakespeariana de viver ou não viver ao lado dos seres humanos, o foco nos mutantes mais consolidados e conhecidos, a visão política do mundo sobre os mutantes… A diferença é que nada disso foi executado com maestria. Só houve um destaque fora da curva: Mercúrio. Ele dispensa comentários, concorda?

É uma pena que apenas Mercúrio e mais um ou outro personagem tenham conseguido espaço no filme e, consequentemente, no gosto do público. A prova disso é que poucos mutantes do primeiro filme continuaram no segundo e novos foram apresentados. Esse era o momento de expandir as possibilidades de trabalhar a história e os conflitos de todos os envolvidos ou, pelo menos, dos próximos a serem explorados tanto na franquia quanto em filmes solos.

Conclusão: todo o arco narrativo da nova trilogia X-Men não foi nem pra frente e nem pra trás, mesmo com toda a volta no tempo que seus personagens percorreram insanamente e com uma cena final de tirar o fôlego.

Veja também:

– Crítica: Capitão América: Guerra Civil ou “aquele filme em que o Homem-Aranha rouba a cena”
Crítica: Em defesa de Batman vs Superman: A Origem da Justiça

 

“Everything they’ve built… will fall!”

“Tudo o que eles construíram… cairá!”

Cansamos de escutar essa frase sendo dita por Apocalipse nos trailers… Pode ter sido algum tipo de mensagem subliminar de alguém da equipe ou ato falho, mas caiu mesmo. Dessa vez, todo o trabalho de Matthew Vaughn foi perdido após o terceiro filme.

A primeira cena se desencadeia em uma lentidão incômoda demais… Teve até uma nova viagem no tempo (sim, mais uma vez!) durante os créditos iniciais. Em seguida, ficou nítido que Singer não sabia o que fazer com o filme antes dos quatro cavaleiros do apocalipse formarem o time dos sonhos idealizado pelo vilão. Exceto Magneto, eles foram cuspidos no primeiro ato e muito mal trabalhados. Algumas pessoas da plateia nem chegaram a cogitar a possibilidade da primeira recrutada ser a querida e forte Tempestade. Isso só ficou definitivamente claro para todos quando ela revelou seu poder no terceiro ato. Acredite se quiser!

Assim que Apocalipse conseguiu estar ao lado dos quatro protetores mutantes que precisava, o filme se desenrolou um pouco e já estávamos familiarizados com os novos e jovens personagens (sim, mais uma vez, a mesma receita de sempre!). Noturno pareceu mais engraçado do que religioso, Kitty nem demonstrou seu dom (como diria Charles), Scott se destacou e mostrou a que veio e Jean Grey fez um espetáculo belíssimo à parte. E para fazer a história do filme funcionar, Bryan Singer deu uma ou duas cenas para todos os personagens, desde os veteranos até os novatos, mas não entrelaçou seus propósitos com convicção. Era difícil decifrar o que os personagens estavam pensando e sentindo durante as batalhas, perseguições e momentos decisivos. Se não fossem pelos diálogos, o espectador teria sérios problemas para entender o rumo da situação causada por Apocalipse.

Houve a grata e esperada cena de Mercúrio atuando novamente em slow motion? SIM (e com a melhor trilha sonora possível)

Remembers de momentos dos dois primeiros filmes rolando do início ao fim? SIM.

Vale a pena ver em 3D? NÃO (a não ser pelas cenas dentro do Cérebro)

Take final à lá Singer? SIM.

Cena pós-créditos? SIM (e que não diz muita coisa…)

Apocalipse justificando a fama de mal? NÃO.

Infelizmente, sua postura, vestuário e nem mesmo o olhar maléfico convenceram de que ele era mesmo o primeiro mutante da história do mundo. Isso se deve ao fato de Singer ter deixado de explorar a ideia de time dos quatro cavaleiros enfraquecendo a figura de seu líder. Grupos são peças-chave quando se fala em X-Men! Além disso, a prepotência de Apocalipse não ganhou força contra a sólida figura dos líderes de X-Men dentro da cabeça do espectador. Sem altos e baixos, a batalha acabou pendendo mais para um lado do que para o outro deixando o filme monótono. O que mais configurava Apocalipse como o vilão que estava se propondo a ser era sua voz. E parou por aí. Sua perfomance foi tão mediana que suas decisões e, consequentemente, os acontecimentos do filme já não estavam causando mais impacto algum.

Ao final, muitas situações do filme ficam sem resposta. Um personagem desapareceu de repente; frases esperadas, porém não ditas; o que Apocalipse era capaz de fazer e quais eram seus pontos fracos e, o mais importante, o que será da franquia daqui para frente.

O que nos resta? Manter o respeito a todo o potencial do universo X-Men. Não podemos deixar de dizer “Mutant and proud!por nada!

 

X-Men: Apocalipse – Nota: 3/5

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