NÃO ENTRE EM PÂNICO!
Abrir um post e se deparar com o melhor livro já escrito pode ser uma experiência chocante demais para o leitor mais impressionável. Ora, todos sabem que encontrar um livro bem inteligente é raro. Tão raro quanto encontrar um livro verdadeiramente engraçado ou uma postagem de Facebook sem problematizações. Surpreendentemente, os livros da série “Guia do Mochileiro das Galáxias” conseguem entregar ao menos os dois primeiros itens logo de cara.
Inteligência e humor parecem nortear a mente por trás das obras, o cérebro magnífico de Douglas Noel Adams. Afinal, ele chegou a roteirizar esquetes para o programa “Monty Python’s Flying Circus”. (E se isso já não o convence da genialidade de Adams, melhor parar de ler por aqui mesmo)
The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy começou como uma série elaborada por Douglas Adams para a rádio inglesa BBC em 1978. O sucesso das aventuras intergaláticas de Arthur Dent e seus amigos Ford, Trillian e Zaphod fez com que o programa de rádio virasse franquia e se transformasse em jogo eletrônico, série de tv, e até mesmo um filme.
Mas o humor sarcástico de Douglas Adams é, sem dúvidas, melhor expresso na forma escrita. Ao longo de seus cinco livros, o autor consegue tecer um perfeito retrato do modo de vida do homem moderno. Poucas instituições passam incólumes por seu humor ácido: burocratas são ridicularizados através da raça Vogon, (donos da pior poesia do universo) e Poder Público é questionado quando a Terra é demolida para dar lugar a uma via expressa intergalática. (Tudo porque os humanos não contestaram um aviso inconvenientemente publicado a bilhões de anos-luz de distância da Terra.) Nem mesmo a religião é perdoada, pois Adams não demora a fazer Deus desaparecer numa nuvenzinha de lógica ao constatar que a prova nega a fé, mas que a existência de determinada forma de vida é uma inegável prova de Sua existência.
Então aprendemos que somos menos espertos que golfinhos. Que o robô mais inteligente já feito é também a criatura mais deprimida do universo. E que a resposta para a vida, o universo e tudo mais é 42. (Pena que, infelizmente, não temos uma pergunta para essa resposta.)
Poderia gastar parágrafos e mais parágrafos apenas elencando os momentos de genialidade espalhados pela obra, pois é muito raro uma piada ou crítica social não funcionar. Por exemplo, eu nunca fui muito fã das guerras de krikkit em “A vida, o universo e tudo mais”, mas é impossível penalizar os livros por isso, pois sei que na página seguinte alguém pode estar voando e ser atingido no cóccix por uma festa a qualquer momento.
As chances de você ler os livros do Guia do Mochileiro das Galáxias e não gostar não podem sequer ser calculadas por um gerador de improbabilidade infinita. Mas, se esse incrivelmente raro evento acabar ocorrendo, e você desgostar da obra, saiba que você é, nas palavras de Wowbagger, o infinitamente prolongado: