Quem teve a belíssima ideia de que colocar uns joguinhos nos telefones celulares provavelmente esperava que isso poderia até fazer algum sucesso, mas não que daria tão certo. Afinal, atualmente os dispositivos móveis já são considerados um mercado a ser explorado no universo dos videogames, recebendo títulos cada vez mais complexos. Mas ainda existe uma galera que prefere partidas descompromissadas e simples, ótimas para quando você tem que encarar uma fila quilométrica no banco ou no supermercado. Pensando nesse público, a Antworks Studio resgatou muito bem esse sentimento com seu primeiro jogo, Conexus, lançado para iOS, Android e Windows Phone.
Três vértices, três lados, três toques
O jogo tem uma ideia muito simples: várias formas geométricas aparecem na tela e a sua missão é ligar uma à outra, formando um grande ciclo, antes que o tempo da fase acabe. O “pulo do gato” vem aí: a quantidade de formas por ciclo depende do número de lados das formas que aparecem. Exemplificando: se aparecem vários pentágonos na tela, é necessário ligar cinco deles em um ciclo para passar de fase. Por mais que possa parecer bobo, a velocidade do jogo aumenta conforme passam os estágios e o gameplay se mostra muito efetivo e desafiador.
Como em um bom jogo arcade, não existe como zerar o jogo, mas sim superar seus próprios recordes, tanto em número de fases completadas quanto em pontuação. Aí entra mais um desafio do jogo: quão mais rápido você for, mais pontos você ganha; entretanto, colocando formas de cores diferentes dentro do seu ciclo, a sua pontuação vai sendo multiplicada. Cabe ao jogador ser rápido para conseguir um bom tempo e um bom multiplicador e chegar ao topo dos rankings.
Infelizmente, a mecânica das cores é a única que acaba por variar a jogabilidade, deixando o jogo um pouco repetitivo para quem não tem sede contínua por melhores pontuações. A integração com o Google Play Games e com o Game Center para rankings e algumas conquistas aumentam a longevidade do título, mas ainda dá pra sentir a falta de novos elementos no gameplay.
Quando o tempo fica mais importante
Se você chegar ao nível 20 no modo normal de Conexus, o Modo Difícil é desbloqueado. Dando uma continuidade bem legal e compensando um pouco a falta de mecânicas na jogabilidade, nele o tempo é que contado em vez de quantas fases foram completadas. Você tem uma certa quantidade de tempo que vai sendo gasto enquanto as formas aparecem na tela; a cada ciclo completo, um pouco dele é restaurado (diferente do outro modo, no qual o tempo volta a sua quantidade inicial).

Ver este segundo modo funcionando bem como é, além de aumentar a longevidade do jogo, acaba por mostrar que a mecânica de Conexus é, acima de tudo, muito flexível, capaz de se encaixar em vários modos de jogo. Infelizmente, esse potencial não foi tão explorado (assim como na parte das mecânicas), o que esperamos que venha a acontecer em futuras atualizações.
Melhor que uma xícara de café
Conexus é a verdadeira prova de que as game jams (aquelas competições onde se devem fazer um jogo em apenas 48 horas) são mais importantes para desenvolvedores do que se imagina. O título desta análise surgiu na CampJam, uma game jam local de Campinas, em julho de 2013, na qual o tema era… café! Sim, e apresentado pela molécula química da cafeína, só pra deixar a criatividade fluir mais ainda.

Segundo o pessoal da Antworks, “a ideia de conectar formas geométricas veio da imagem da molécula e do fato de sermos três programadores sem artista algum. A velocidade e a jogabilidade frenética vieram da cafeína e dos seus efeitos”. É muito interessante ver como os participantes destes eventos conseguem passar por cima das dificuldades impostas pelas regras e pelas suas capacidades e criar projetos tão legais, não é mesmo?
Minimalista para olhos e ouvidos
Todo o visual do jogo é realmente minimalista, baseado nas formas geométricas que dão vida ao gameplay e pautado em um bonito contraste entre o branco e o preto e as vivas cores dos polígonos. A música disponível no jogo, “Go Cart”, combina muito bem com o ritmo frenético do título, mas como é a única, desde os menus até durante as partidas, acaba por ficar enjoativa depois de um tempo muito grande com o celular na mão.
O verdadeiro destaque nesse quesito é o acabamento do game. Infelizmente, a maioria dos jogos lançados para Android, por exemplo, principalmente aqueles produzidos por pequenas equipes, tendem a ser mal-acabados, indicando um desleixo com alguns detalhes que agregam muito ao conjunto final. A realidade de Conexus é totalmente contrária: o jogo recebeu um trabalho incrível em acabamento por parte dos desenvolvedores, mostrando todo o capricho deles por sua obra.

Potencial de conexão
Um gameplay simples, divertido e desafiador, um visual minimalista e muito bonito, uma ideia genial e que resgata o descompromisso dos jogos mobile. Pode parecer engraçado, mas o problema de Conexus é exatamente o que ele ainda não é. Ainda existe muito potencial a ser explorado dentro da ideia do game, o que esperamos que venham nas próximas atualizações do app. O título tem tudo para se tornar um dos novos Fruit Ninja, que começou simples e hoje esbanja simpatia e formas de se jogar. Junte tudo isso ao fato de ser totalmente em português e gratuito e você vê o potencial do que se tornou uma ideia sobre café.
O melhor de tudo é que ele mesmo não sendo o pacote que poderia ser, é um ótimo companheiro para aqueles momentos onde não se tem nada pra fazer: que tal desafiar a sua perspicácia e seu raciocínio nos desafios de Conexus?
Conexus — Nota 3.5/5
Desenvolvedora: Antworks Studio
Plataformas: iOS, Android, Windows Phone
Plataformas utilizadas na análise: Android e iOS