O PlayReplay esteve no espaço São Paulo Expo na quinta e na sexta-feira (dias 03 e 04/12), mas viu o suficiente para ter provas de que a CCXP conquistou de vez um posto cativo no calendário dos geeks, nerds e fãs da cultura pop a partir de sua segunda edição brasileira realizada neste ano.
O som ambiente para quem estava chegando ao portal de entrada, a somente 100 metros de efetivamente cruzar as catracas, foi instalado para que a chamada “Experiência Comic Con” existisse de fato. Da entrada para dentro, além da música, o público encontrou um amplo espaço cheio de estandes, artistas independentes, auditórios, lojinhas e produtos Star Wars em todos os cantos possíveis.
Efeito Star Wars
Entre um estande e outro, um adereço da famosa saga Star Wars estava exposto e ganhava destaque em relação aos outros itens, fosse um personagem em formato de boneco colecionável ou uma camiseta oficial.
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Como o dia 17 de dezembro está próximo, data em que o filme Star Wars: O Despertar da Força estreia em todo o território nacional, a CCXP montou um transmissor do trailer do filme com direito a contagem regressiva para a data de exibição nos cinemas e uma Star Wars Store oficial — pequena para o potencial e procura dos fãs, mas que manteve uma enorme fila de acesso desde o horário da manhã até à noite durante os dois dias.
Foi admirável ver que todo o frenesi criado pelo anúncio e trailers do novo filme da saga Star Wars estava materializado em cosplays, produtos oficiais e fotos com a fantasia completa e fiel de Darth Vader exposta por uma loja localizada na entrada.
Painel extraordinário da DC Comics
Essa apresentação foi o ápice do primeiro dia de Comic Con. Sem criar filas quilométricas, Dan Didio e Jim Lee, lendas vivas da construção do imaginário do universo DC, subiram no palco do Auditório Cinemark e palestraram para 4.000 pessoas sobre a DC Comics de ontem e de hoje. “Eu estive no Brasil há 20 anos, desculpe por não ter voltado antes”, disse Lee. Devido ao atraso no lettering (CG) da tela que transmitia a imagem dos dois, apenas algumas pessoas conseguiram entender esse desabafo de Jim Lee.
As novidades anunciadas arrancaram palmas cheias de energia do público eu foi ao delíria ao saber que estão sendo desenhadas três novas séries: Nuclear, Caçador da Morte e Aquaman com a Liga da Justiça.
Para encerrar o painel, os dois deixaram suas mensagens inspiradoras. “Não desistam, artistas. Parece distante, mas foi difícil e estranha a jornada até aqui – até para o Frank Miller. O legal é que você não sabe aonde vai parar daqui 20 anos. Abram seus corações“, pediu Jim Lee. “Nossas históricas tocaram tantas pessoas aqui… nós temos que contar boas histórias”, refletiu Dan Didio.
Representando os games nacionais
A Lenda do Herói, jogo totalmente nacional para PC que alcançou a meta final de arrecadação de R$280.000 durante 11 dias em um site de crowdfounding, faz com que o próprio herói e protagonista da aventura cante sua jornada através de uma música que muda conforme o que o jogador fez ou deixou de fazer no gameplay.
No meio de seus fãs mais fervorosos presentes no Auditório Prime, Marcos e Matheus Castro contaram detalhes da concepção da ideia para o jogo até o estágio atual do desenvolvimento do game durante seu painel.
Grandes destaques
Sem sombra de dúvidas, a instalação da Netflix foi um dos locais mais disputados e movimentados nos dois dias em que estivemos na CCXP. Durante o dia, a produção do site de streaming proporcionou um gigante karaokê com músicas conhecidas de suas séries originais. À noite, os participantes enfrentavam a máquina da verdade afirmando conhecer detalhes sobre os personagens das mesmas séries.
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Para os amantes do esporte, opções não faltavam: escalar uma parede no estande de Uncharted 4 – A Thief’s End, nadar em uma piscina de bolinhas brancas e azuis montada pela Disney/Pixar para divulgar Procurando Dory, jogar Magic até não querer mais e dançar as músicas de Just Dance 2016 até cansar.
Sem atrações divertidas, os estandes da Panini, Comix Book Shop, Maurício de Sousa, JB e as lojas de itens colecionáveis com preços astronômicos disputavam a atenção do público. As barracas de artistas independentes também contaram com um enorme público . Como é tradição, essa é a parte mais pura e mágica de toda Comic Com.
Cosplays criativos
O número de pessoas vestidas de cosplay foi aumentando de quinta para sexta-feira. Encontramos várias personalidades marcantes: Mr. Satan (saga Dragon Ball), Naruto, Mérida, Sininho, Vampira (X-Men), Arrow, Frodo e Gandalf (saga O Senhor dos Anéis), Batman, Ghostbusters, Raiden (saga Mortal Kombat), Marty McFly e Emmett Brown (De Volta Para o Futuro), Cavaleiros do Zodíaco, Malévola e, claro, os Stormtroopers que se espalharam por todo o espaço.
Maurício de Souza e seus 80 anos
Escutando o som de gritos que diziam “abre a porta aí”, Maurício de Sousa respondeu perguntas de um público completamente fanático por seu trabalho. Ele revelou que a Luluzinha, personagem de HQ norte-americana, lhe deu a coragem de simplificar seus traços, além de contar histórias sobre o início de sua carreira quando se dividia entre repórter de dia e desenhista/quadrinista à noite e entoar a melodia da Marcha Imperial quando foi surpreendido pela “invasão” repentina de Darth Vader e três Stormtroopers.
Durante a apresentação, soubemos que para 2016 teremos Graphic Novels de Papa-Capim, Bidu 2, Mônica (pelas mãos de Bianca Pinheiro, a ilustradora de Bear) e Astronatura III. Na verdade, a notícia mais aclamada de todas foi o anúncio de Turma da Mônica: Laços – O Filme em Live Action. Maurício de Sousa até chorou de tanta emoção devido a receptividade do público. Sidão, um de seus editores, revelou que o roteiro do filme está em fase de desenvolvimento. Essa é a primeira vez que um personagem de Maurício de Sousa vai parar na tela do cinema em formato Live Action.
O painel que sacudiu a CCXP
Kelly Cristina Nascimento, Flávia Gasi, Gabriela de Sousa Borges, Rebeca Puig e Jessica Tauane refletiram sobre o verdadeiro sentido do Girl Power na cultura pop no painel Furiosas: Mulheres que Chutam Bundas. “É preciso produzir mais, meninas. E acreditem: somos 48% do público consumidor de HQ’s”, disse Kelly Cristina. Esse é um breve resumo do que foi dito no painel.
Personagens como a Batgirl, Jessica Jones, Piper (OITNB) e Annalise (HTGWM) foram debatidas durante todo a discussão. Juntas, as participantes do painel construíram um raciocínio que comprova o quanto ainda há para se fazer, representar e conquistar.
Épicamente épico
Praticamente, tudo foi assunto na CCXP: filmes nacionais e internacionais que prometem serem aplaudidos de pé em 2016, as séries originais do Netflix mais assistidas e amadas de 2015, HQs de todos os tempos, desenhos animados que já se tornaram ícones da cultura mundial, jogos de videogame que foram praticamente lançados agora ou que sairão no ano que vem… até mesmo a trajetória dos jogos de tabuleiro no Brasil e no mundo lotou o Auditório Ultra na sexta-feira.
Devido a essa pluralidade de temas, a procura do público pelas atrações foi tão grande que a equipe responsável pela logística do cronograma de atividades não deu conta de tudo o que deveria ter feito. As informações entre eles eram desiguais para qualquer tipo de dúvida que surgisse, as filas para os auditórios, alimentação de alto custo e atrações mais cobiçadas eram enormes e duravam horas…
Outros probleminhas fugiam do controle da equipe do evento, como o infeliz episódio com o pessoal do Pânico na Band com cosplayers (que resultou, inclusive, em uma carta de repúdio por parte dos organizadores e no banimento do programa de TV das próximas edições da CCXP) e no término repentino do aguardado painel de Jessica Jones, com Krysten Ritter e David Tennant, aparentemente a mando da equipe da Netflix. A cara de constrangimento do ator deixou claro que o que estava acontecendo não era normal e muito menos esperado, pelo menos não por parte dos atores.
A impressão que passava era a de que o staff não se colocava no lugar do público para pensar como ele, se antecipar e evitar que as confusões e perca de tempo acontecessem. Mas mesmo esses problemas não foram capazes de tirar o brilho do evento.
O galpão onde foi realizada a CCXP é grande, mas é fácil de se mapear e espaçoso o bastante para abrigar famílias inteiras juntas pelo mesmo ideal: usufruir de uma Comic Con.
Segundo o dicionário, o termo “épico” é usado para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso. Até mesmo as frases dos banners pendurados no teto nos devolvem ao chão dizendo que estávamos presenciando uma edição brasileira do evento.
Independente dos problemas que rolaram nessa edição da feira, a equipe da CCXP mostrou mais uma vez que é possível sim ter um evento desse porte no Brasil, que nosso país tem público pra isso e que foi-se o tempo em que ser chamado de nerd era uma coisa ruim. E se esse rótulo ainda tiver quaisquer conotações pejorativas, azar o de quem ainda tiver preconceito. Porque, sejamos sinceros, basta dar uma olhada nas fotos dessa postagem para ver que nós, nerds, saímos ganhando.
E que venha a CCXP 2016!