Enquanto seu protagonista evolui em velocidade cavalar, a série Ninja Storm pouco muda em seu novo título
E isso necessariamente não quer dizer que o game seja ruim, calma lá. Antes de tudo, vale ressaltar que NS: UNSR é o mais próximo que um game baseado em anime chegou da perfeição, com um nível altíssimo de imersão nos combates, na história e na qualidade de sua animação. O único problema é que a façanha não é exatamente nova e já havia sido atingida no quarto título da franquia, lançado em 2013.
Naruto, pra quem não conhece, é um ninja da Vila Oculta da Folha que tem um passado extremamente sofrido, mas devidamente superado com a ajuda dos amigos que faz na medida em que a história se desenvolve. O mangá teve lançamento ainda no fim da década de 90 e encabeça, desde então, todas as listas de títulos mais lidos do gênero.
Enquanto sua trama se aproxima de um fim (ou pelo menos é o que se pensa), títulos e mais títulos da franquia vão sendo lançados, geralmente baseados nos combates que caracterizam a obra. Revolution é o quinto game da série Ultimate Ninja Storm e traz mudanças sutis nas lutas e nos modos de jogo.
Mais de 100 personagens disponíveis
Quando paro e penso que Street Fighter 2 tinha 8 personagens disponíveis, vejo o quanto as coisas mudaram nesse sentido. Em NS: UNSR são mais de 100 combatentes a sua disposição, desde Naruto e sua trupe da Vila Oculta da Folha, passando por combatentes de outros vilarejos e rivais, até os famigerados vilões. Essa variedade assombrosa de personagens reflete a longevidade do mangá, sem deixar ninguém na mão porque o seu favorito acabou ficando de fora.
No rol de Ninjas à sua disposição temos todos os personagens dos games anteriores (mesmo aqueles que já morreram ou as versões mais jovens dos ninjas da Folha) e alguns novos que surgiram depois do lançamento de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 3: Full Burst, em outubro de 2013. Há ainda a presença de um personagem criado exclusivamente para Revolution, contando com a mão do autor da série, Masashi Kishimoto, em sua concepção: Mecha Naruto, uma versão mecanizada do ninja laranja.
Com belíssimos gráficos em cel shading, tanto a modelagem dos lutadores quanto a ambientação dos cenários é feita com perfeição, dando a impressão de estar assistindo a um episódio do anime. Outro ponto importante para dar um tom de credibilidade a mais é a presença de todos os dubladores originais da série, coroando os esforços da Bandai Namco em aproximar os fãs de Naruto de seus jogos.
Amarra lacunas deixadas pelo mangá
Games baseados em animes normalmente têm foco em um arco específico da história, recontando a trama com um mínimo de alterações e intervenções por parte do jogador. A série Ultimate Ninja Storm seguia essa regra até o último título, mas decidiu fazer uma revolução (sacaram?) ao dar muito mais pano pra manga em seus modos de jogo.
Ao trocar o cansativo modo história dos games passados por novos modos de jogo, confesso que me senti renovado e mais disposto a encarar tudo o que fugia aos combates propriamente ditos. Revolution traz um modo de combate livre, um modo especialmente para batalhas online e outras duas modalidades novas: Torneio do Mundo Ninja e Fugas Ninjas.
O Torneio é uma Festa da Pancadaria, criado para decidir de vez quem é o ninja mais poderoso da história, seja ele mocinho ou vilão, vivo ou morto. As batalhas são disputadas com 4 combatentes simultâneos e sem um medidor de vida específico para cada jogador. No lugar do HP, cada participante começa com 1000 orbs, que podem ser coletadas conforme atinge seus adversários durante a luta. É um modo dinâmico, onde atacar e se defender com eficiência contam muito, mesmo no meio de uma luta caótica.
Você começa competindo em Rank D e deve progredir nas lutas até se tornar o campeão. Entre uma batalha e outra, você pode transitar livremente pela ilha onde o torneio acontece, interagindo com outros personagens e adquirindo itens de vital importância para se dar bem nas lutas. Alguns pontos da ilha começam bloqueados e são abertos conforme você aumenta seu ranqueamento. Mecha Naruto é desbloqueado durante uma pequena aventura em meio ao torneio. Outros lutadores também estarão disponíveis pela ilha, então é importante dar uns rolés por aí.
O outro modo, Fugas Ninjas, é o mais interessante de todos. Responsável por contar histórias que não tiveram o devido espaço no mangá, ajuda a amarrar pontas soltas na trama e enriquecer ainda mais o vasto universo de Naruto. Conhecer a origem da Akatsuki ou os laços de sangue da amizade entre Itachi Uchiha e Shisui Uchiha são adicionais que dão mais brilho ao game, principalmente pela forma como são contados.
As histórias se desenvolvem com cenas de anime, em grau de qualidade similar ao desenho. Entre um diálogo e outro, você assume a direção nos combates, para depois assistir o desenrolar da trama. Conhecer um pouco mais sobre o passado de Hidan, Kakuzu, Deidara e Sasori, por exemplo, já deixariam qualquer fã da série louco para jogar.
Os combates não mudaram muito
Os demais modos de jogo já são velhos conhecidos dos fãs, com combates livres entre até dois jogadores ou contra a máquina, podendo acontecer no 1 vs 1 ou em trio, com dois strikers na cobertura.
Adicione à bem sucedida fórmula a presença de especiais combinados entre os trios, além da possibilidade de quebrar a guarda do seu adversário e voilá. Em alguns momentos você se sente em um hack n’ slash, o que pode não ser muito tentador para os fãs de games de luta que não têm tanta simpatia por Naruto. Logo, Revolution é voltado diretamente para a legião de adoradores do anime.
O sistema de combate tem elementos estratégicos, principalmente na hora de fugir dos combos gigantescos usando o jutsu de substituição (kawarimi no jutsu). Usá-lo nos momentos errados pode esgotar sua barra, deixando seu lutador à sorte de um especial colossal ou algo pior. Saber usar seus itens na hora exata e controlar o seu espaço de combate são elementos primordiais para o sucesso.
Além dos combos poderosos, você tem as opções de escolher entre três modos de combate antes de sair no braço, sempre buscando novas estratégias. Estes modos estão separados entre os Jutsus de Finalização (os especiais poderosos que podem mudar o rumo de um combate em um instante), o Despertar (o equivalente a transformações, onde você deixa de acumular chakra para ganhar um up em suas habilidades e golpear mais forte por tempo limitado) ou o Drive, onde você tem uma atuação mais presente de seus personagens assistentes.
O destaque fica para os belíssimos especiais combinados, com direito a dupla de Susanoo e ataques coordenados dos Ninjas da Areia. São animações acima da média e que impressionam à primeira vista (mas que se tornam um pouco repetitivas com o passar das lutas).
Rasengan!
É inegável o esforço da Bandai Namco em agradar o público brasileiro, já que o game foi lançado com legendas em português. Logo de cara, como bom fã de Naruto, você vai ao modo Opções e troca o áudio do inglês para o original, dando um upgrade na profundidade do jogo. Contudo, ainda deixaram passar alguns errinhos aqui e ali na tradução, mesmo que em menor quantidade se comparados aos do último título.
Mesmo apresentando modos de batalha interessantes, Ultimate Ninja Storm Revolution não trouxe toda a revolução que o nome carrega, soando como uma atualização anual de uma franquia bem sucedida para quem já é fã, sem atrair novos jogadores.
O game, tido como o último da série Storm, impressiona a primeira jogada, mas não é imprescindível se você já investiu em algum título anterior da franquia. De toda forma, é divertido quando se reúne uma galera para trocar uns sopapos ninjas cheios de pirotecnia (online ou offline), especialmente para os aficionados pela obra de Kishimoto-san.
Dattebayo!
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Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm Revolution – Nota: 4/5
Desenvolvedora: Bandai Namco
Plataformas: PS3, Xbox 360 e PC (Steam) (PS3 foi utilizado na análise)
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