Anunciado como o sucessor espiritual da aclamada série Mega Man, da Capcom, Mighty No. 9 foi fruto de financiamento coletivo. Fundado no Kickstarter, famosa plataforma de crowdfunding, o projeto era encabeçado por Keiji Inafune, um grande nome da indústria dos videogames e criador do design do Mega Man, e tinha por objetivo trazer de volta a experiência dos jogos do robozinho azul da Capcom. Será que tudo saiu como planejado?
Independente de toda a novela do financiamento coletivo, arrecadando milhões de dólares e ainda assim pedindo mais dinheiro posteriormente, Mighty No. 9 teve sucesso parcial na hora de entregar aquilo a que se propôs: embora divertido e realmente dotado do climão “Mega Man das antigas”, o novo robozinho azul falha justamente por não conseguir acompanhar e entregar as expectativas que criou com uma competente campanha de marketing durante o período de financiamento coletivo.
Afinal, Mighty No.9 é mesmo, essencialmente, um novo game do Mega Man: você corre da esquerda para a direita controlando um robô azul simpático que dispara bolas de energia de um canhão no lugar de sua mão. As fases podem ser jogadas na ordem que você quiser, e cada uma delas oferece, como recompensa, alguma vantagem que pode ser usada em uma outra fase qualquer. As balhas contra os chefões de fases, em sua maioria, exige uma boa coordenação motora e bastante atenção aos detalhes do padrão de movimentação dos adversários. Mais Mega Man que isso, só o próprio Mega Man.
“Cale a boca e pegue meu dinheiro!”
Numa era em que as pessoas muitas vezes exclamam por aí que pagariam uma fortuna por novos jogos de suas séries favoritas, não é de se espantar que diversos projetos visando emular games antigos apelando para a nostalgia estejam em alta. E muitos desses projetos nascem de financiamentos coletivos, como é o caso do promissor Yooka Laylee e de Mighty No. 9, fruto da parceria entre Comcept e Inti Creates.
Mas é nas novidades, naquilo que o diferencia do robô da Capcom, que o jogo do novato Beck acaba pecando. Os gráficos, que em um primeiro momento durante as fases iniciais do crowdfunding pareciam sensacionais, são apenas medianos — beirando o desleixado, principalmente dada a quantidade de dinheiro obtida na campanha no Kickstarter e das incontáveis vezes em que o game foi adiado.
As animações exibidas para ajudar a contar a trama deixam muito a desejar, com movimentação ruim e sem animação facial em um game que conta com dublagem (o que passa de engraçado no início pra decepcionante em poucos minutos). Além disso, uma novidade no gameplay que poderia ter funcionado muito bem mas que no final só se torna cansativa faz com que a absorção de pontos ao derrotar inimigos e dar um dash na “energia vital” deixada para trás seja dispensável a longo prazo.
Apesar dos pesares, Mighty No. 9 se sai bem ao modernizar a ideia por trás de Mega Man e apresentar algo próximo do gameplay clássico dos jogos da série da Capcom para uma nova geração de jogadores. Afinal, MN9 tem um bom nível de desafio (ainda que em alguns trechos a dificuldade seja um tanto frustrante) e consegue captar um pouco da essência do que fez de Mega Man um verdadeiro clássico dos videogames.
A adição de alguns modos de jogo que oferecem maior dificuldade e novos desafios, bem como a possibilidade de jogar partidas para duas pessoas, ajuda Mighty No. 9 a fazer menos feio. Se não houvesse um hype tão imenso em cima do lançamento do jogo, Beck e sua turma talvez se saíssem melhor agradando aos mais saudosistas e órfãos de Mega Man.
De certa forma, Mighty No. 9 entregou aquilo a que se propôs: uma aventura no melhor estilo Mega Man das antigas, com bons controles e níveis de dificuldade para todos os gostos. O problema foi a execução, com visual pobre e dublagem de baixa qualidade, além de fases pouco inspiradas, o que fez com que a recepção de público e crítica fosse bem abaixo do esperado.
Mighty No. 9 foi lançado no dia 21 de junho desse ano para PC, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One, Wii U, PlayStation Vita e Nintendo 3DS.
Mighty No. 9 – Nota: 3/5
Produtoras: Inti Creates e Comcept
Plataformas: PC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One, Wii U, PS Vita e 3DS
Plataforma utilizada na análise: Xbox One